Capa com laço marrom ao fundo e criança tampando os olhos com as mãos

Abril Marrom: Saúde Ocular Começa Com a Prevenção

Campanha nacional alerta para doenças silenciosas que afetam a visão e reforça a importância do cuidado com a saúde ocular em todas as fases da vida

Texto: Lara Paranhos

 

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre a saúde ocular no Brasil. Com o nome de “Abril Marrom”, a campanha busca chamar atenção para as principais doenças que causam a perda da visão, muitas das quais poderiam ser prevenidas com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Criada para alertar a população sobre a cegueira evitável, a campanha nasceu da necessidade de dar visibilidade a um problema de saúde pública que, muitas vezes, é silencioso. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos casos de cegueira no mundo poderiam ser evitados. A falta de acesso a serviços de saúde, exames regulares e informação contribui para o agravamento de doenças oculares que, em estágio avançado, podem levar à perda irreversível da visão.

O cuidado com os olhos começa nos primeiros dias de vida

O cuidado com a visão deve começar antes mesmo do nascimento, assim, durante o Abril Marrom, também é importante lembrar da saúde ocular na infância — uma fase decisiva para o desenvolvimento visual. A perda de visão nos primeiros anos pode trazer impactos significativos ao longo da vida, mas muitos casos podem ser evitados com exames simples e atenção especializada.

A Dra. Ilse Elias Gomes Dorninger, médica oftalmologista do Departamento de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo do CEROF-UFG, explica que o principal exame realizado nos primeiros dias de vida é o teste do olhinho, também conhecido como teste do reflexo vermelho. “É um exame relativamente simples, mas com um impacto imenso na vida da criança. Ele permite detectar precocemente alterações graves nos olhos, como catarata congênita, glaucoma congênito e retinoblastoma (tumor ocular), que, se não tratadas logo nos primeiros meses, podem causar cegueira irreversível ou prejuízo no desenvolvimento visual da criança”, afirma. Esse teste é realizado ainda na maternidade, e caso apresente alterações, o bebê deve ser encaminhado para avaliação oftalmológica completa.

Teste do Olhinho

A médica ressalta ainda os cuidados com bebês prematuros, grupo de risco elevado de desenvolver retinopatia da prematuridade (ROP). “Crianças nascidas com menos de 32 semanas de idade gestacional e peso inferior a 1500g devem passar por mapeamento de retina, preferencialmente com um especialista em retina pediátrica”, pontua Ilse.

Além do teste do olhinho, o pré-natal também é um momento estratégico de prevenção. A identificação de infecções como toxoplasmose, por citomegalovírus e sífilis durante a gestação permite tratar a mãe e evitar complicações visuais no bebê. Já no período neonatal, cuidados simples, como higienizar bem as mãos antes de tocar nos olhos do bebê, fazer a limpeza com gaze e água filtrada e evitar contato com pessoas doentes, também ajudam a prevenir infecções oculares.

Quando se trata de fatores de risco, a oftalmologista destaca: “Prematuridade, infecções congênitas e erros refrativos não corrigidos, como hipermetropia, miopia e astigmatismo, podem levar à ambliopia (olho preguiçoso). Por isso, é fundamental que pais e responsáveis fiquem atentos a sinais como dificuldade para fixar o olhar, lacrimejamento constante, estrabismo ou falta de reação a estímulos visuais”.

Prevenção começa com informação: doenças que podem ser evitadas

Além da atenção com a saúde ocular na infância, conhecer os fatores de risco e as principais doenças que podem afetar a visão ao longo dos anos é essencial. Muitas delas se desenvolvem de forma silenciosa e só apresentam sintomas quando já estão em estágio avançado — por isso, a prevenção e o acompanhamento regular com especialistas são tão importantes.

Na infância, alterações como a retinopatia da prematuridade e infecções congênitas (como toxoplasmose e sífilis) podem comprometer seriamente o desenvolvimento da visão se não forem diagnosticadas a tempo. Já na vida adulta e na terceira idade, condições como o glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade estão entre as principais causas de perda da acuidade visual. Todas essas doenças têm em comum o fato de que podem ser tratadas ou controladas quando descobertas precocemente.

A catarata, por exemplo, é a principal causa de cegueira reversível no mundo. Com cirurgia, é possível recuperar totalmente a visão. O desafio está no acesso ao diagnóstico e ao tratamento, que nem sempre é garantido a todas as pessoas.

A importância do acompanhamento oftalmológico regular

Embora a perda de visão possa acontecer em qualquer idade, o risco se intensifica com o passar dos anos. Algumas doenças oculares evoluem de forma silenciosa e só são detectadas por meio de exames oftalmológicos, o que reforça a necessidade de manter um acompanhamento periódico, mesmo na ausência de sintomas.

Além disso, condições crônicas como diabetes e hipertensão — que afetam uma parcela crescente da população brasileira — também podem comprometer a saúde dos olhos, exigindo atenção redobrada. Consultas regulares com oftalmologistas são essenciais para identificar alterações de forma precoce, iniciar o tratamento adequado e preservar a qualidade da visão ao longo da vida.

Campanhas como o Abril Marrom reforçam a importância da prevenção e do acesso aos cuidados com a saúde ocular. Em todo o país, iniciativas de conscientização são fundamentais para alertar sobre doenças que podem levar à cegueira e sobre o papel do diagnóstico precoce. O CEROF-UFG é referência em Oftalmologia e se compromete com ações de promoção da saúde ocular, com atendimento de excelência para a população.

 

 

 

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