
Julho Turquesa: Mês do Combate ao Olho Seco
Campanha chama atenção para a condição que afeta diretamente a qualidade de vida e a visão.
A campanha Julho Turquesa, instituída em 2017 pela TFOS (Tear Film Ocular Surface Society), busca ampliar a visibilidade da Síndrome do Olho Seco, uma condição oftalmológica que afeta cerca de 34% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O quadro interfere na visão e consequentemente na qualidade de vida e, muitas vezes, é negligenciado.
A proposta é informar a população sobre os sintomas, causas e formas de tratamento, incentivando a busca por avaliação com um oftalmologista, preferencialmente especializado em córnea e superfície ocular, área responsável pelo diagnóstico e tratamento da síndrome.
Confira detalhes sobre a Síndrome do Olho Seco, explicada por Natália Andrade, médica oftalmologista especializada em córnea e superfície ocular do Centro de Referência em Oftalmologia da Universidade Federal de Goiás (CEROF-UFG).
O que é a Síndrome do Olho Seco?
A síndrome do olho seco é uma condição ocular bastante comum, caracterizada pela redução na quantidade ou na qualidade da produção lacrimal. Essa disfunção compromete a lubrificação adequada da superfície ocular, podendo ocasionar desconforto, irritação e, em casos mais graves, comprometer a saúde da superfície ocular. Trata-se de uma falha na manutenção da umidificação natural dos olhos, essencial para sua proteção e pleno funcionamento. Em outras palavras, o olho não consegue se manter “hidratado” como deveria, ou seja, ocorre uma diminuição na produção de lágrimas, afetando a proteção e funcionamento do olho.
Principais Causas do Olho Seco
As causas da síndrome do olho seco são variadas. Entre as mais comuns estão: o processo de envelhecimento natural, alterações hormonais, exposição prolongada a dispositivos eletrônicos (uso prolongado de telas digitais), permanência em ambientes com ar-condicionado e uso inadequado de lentes de contato. Destacam-se também, como causas do Olho Seco, algumas doenças autoimunes, como a síndrome de Sjögren e lúpus, além do uso de determinados medicamentos, a exemplo de antidepressivos, e histórico de cirurgias oculares.
Sinais de Alerta
Os principais sinais de alerta para a Síndrome do Olho Seco são: ardência e sensação de areia nos olhos, coceira, vermelhidão, flutuação na visão, sensibilidade à luz e lacrimejamento excessivo, o que, paradoxalmente, pode ser uma resposta do olho à secura. Outro sinal comum é a dificuldade de manter os olhos abertos por muito tempo, especialmente ao final do dia.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito por um oftalmologista, por meio de exames clínicos específicos que avaliam tanto a quantidade quanto a qualidade das lágrimas. Em alguns casos, são usados corantes especiais e equipamentos para medir a estabilidade do filme lacrimal.
O tratamento varia conforme a causa e gravidade. Pode incluir uso de lágrimas artificiais, pomadas, mudanças de hábito, tratamento de inflamações, uso de suplementos e, em casos mais complexos, terapias mais avançadas, como luz pulsada e dispositivos oclusivos, como plugs lacrimais.
Prevenção do Olho Seco
Pequenas mudanças de hábito fazem uma grande diferença. Confira algumas dicas e medidas simples que podem ajudar na prevenção do olho seco no dia a dia:
- Pausas regulares durante o uso de telas → Regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhar por 20 segundos para algo a 20 pés, cerca de 6 metros de distância.
- Manter a hidratação do corpo.
- Evitar vento direto no rosto, como ventiladores ou ar-condicionado no carro.
- Usar óculos de sol com proteção lateral em ambientes externos.
- Usar umidificadores em ambientes muito secos.
- Piscar conscientemente mais vezes durante atividades prolongadas.
- Consultar o oftalmologista antes de iniciar o uso de lentes de contato.
Mitos e Verdades sobre o Olho Seco
Um equívoco comum é associar o lacrimejamento excessivo a uma boa lubrificação ocular. Na realidade, esse sintoma pode indicar a presença do chamado olho seco reflexo, condição em que, diante da secura da superfície ocular, há uma produção aumentada de lágrimas, porém com composição inadequada e sem eficácia na hidratação.
Outro mito frequentemente disseminado é a ideia de que colírios lubrificantes causam dependência. A afirmação é equivocada, colírios são, na maioria dos casos, parte fundamental do tratamento e não oferecem risco de vício.
Por outro lado, é comprovado que a exposição prolongada a telas digitais e a ambientes secos contribui para o agravamento do quadro. Da mesma forma, sabe-se que a síndrome do olho seco pode comprometer significativamente a acuidade visual e a qualidade de vida do paciente.
Importância do Julho Turquesa
Natália Andrade, oftalmologista especialista em córnea, reforça a importância de campanhas como o Julho Turquesa e do acompanhamento oftalmológico para a prevenção e cuidado ocular.
“Campanhas como o Julho Turquesa são fundamentais para trazer à tona a importância da saúde ocular e alertar para sintomas que, muitas vezes, são subestimados. O olho seco não é só um desconforto, ele pode evoluir e causar complicações sérias, como lesões na córnea. Por isso, é essencial procurar um oftalmologista, especialmente se os sintomas forem frequentes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são as melhores formas de evitar danos maiores e manter a qualidade de vida visual”.
Por: Marisa de Paiva